O movimento é vida
- Aragonés Errante
- 6 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de ago. de 2023
Tantos filmes marcantes na historia do cinema, grandes atores, excelentes diretores, seria muito culto da minha parte indicar os 7 samurais de Kurosawa por exemplo, filme japonês icônico e que confesso nunca assisti (mas deve ser melhor que Round 6).
Porém sou um escritor amador, mirim e ruim, não vou recomendar o filme do qual tirei o titulo deste texto, Guerra mundial Z, excelente para tirar uma soneca na tarde do domingo que conta a típica historia de zumbis comedores de cérebros que arrasam cidades.
Em um dos poucos momentos interessantes da longa, o protagonista tenta convencer uma família a acompanha-lo para ficar a salvo, pela experiência do nosso amigo Brad Pitt em guerras (deve estar se referindo a quando trabalhou com Tarantino) as pessoas que se movimentam tem mais chance de sobreviver que as que ficam paradas escondendo-se do perigo.
"Movimiento es vida" diz o galã arriscando um espanhol com sotaque de Oklahoma, tentando convencer o pai que minutos depois vira zumbi e corre atrás do cérebro fresquinho do filho, porque outra coisa é certa, Brad nunca erra.
Sim meus amigos, Guerra mundial Z me fez pensar, não foi Kurosawa, nem Scorsese nem Kubrick.
Neste momento, no século XXI, vivemos com um objetivo claro, ter estabilidade, segurança, trabalhar na mesma empresa até me aposentar, ter minha casa, meu carro e morar no bairro que nasci, desde o ponto do planejamento a estratégia é ótima. Poucas variáveis menos risco, menos possibilidades de me lascar, escrevendo o português claro.
Porém nosso plano perfeito tem um grande buraco. A vida geralmente não foi convidada para nossa reunião estratégica, e tanto ela como o ex-marido de Angelina Jolie acham que seu habitat natural é o movimento, enviando constantemente mensagens advertindo que temos que mudar, e como o coitado pai-zumbi, negamos, porque achamos que dentro da nossa planificação perfeita das nossas ideias, das nossas casas mentais e físicas estamos seguros.
Agora é a hora do querido leitor, retrucar, resmungar e responder (os 3 R´s), o Aragonés virou coach quântico, de aqui a pouco aparece um comercial no blog vendendo mentorias e cursos de quinze dias... Não, gostaria monetizar mas estou 10 anos atrasado, agora ninguém lê blogs transnoitados, o pessoal correu para o TIK TOK e eu não sou bom com coreografias.
Estou falando desde as experiência da teimosia, porque nisso tenho MBA, pós, mestrado e estou terminando o doutorado em artes cabeçudas. Nesta historia de 40 anos sempre procurei estabilidade, sempre achei que seria meu ultimo time (fui jogador de basquete mas isso é outro blog) minha ultima empresa, minha casa definitiva, meus amigos para o resto da vida. Constantemente me frustrei, achava que estava fazendo o 110% do possível para assegurar tudo que tinha, porém o universo incansavelmente me obrigava a me movimentar, algum zumbi aparecia do nada e precisava mudar o rumo com a compreensível tristeza de perder tudo que tinha conquistado. Como escrevi dois parágrafos antes, o plano era perfeito, só esquecia continuamente da teoria do filme soporífero, arriscando ser devorado nas mãos de um morto-vivo.
Vejam que analogia tão legal, perseguido por uma ideia que já esta morta mas que eu insisto em pensar que ainda vive!
Queria ter escrito este texto faz três meses quando as forças do desconhecido junto com a diretoria da empresa onde trabalho decidiram me dar uma grande oportunidade a 3000 quilômetros de onde eu morava. Desta vez meu Brad Pitt interior (muito interior) falou alto, minha trajetória onde estava tinha terminado, a vida estava me provocando por enésima vez, hora de partir, hora de se movimentar, hora do Aragonês continuar sendo errante.
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