A paz da desconexão

Hoje vários aplicativos que usamos para nos comunicar pararam de funcionar... Pasmem, o mundo não acabou!

Claro, teve problemas, os mais afetados foram os negócios que se baseiam nestas formas de comunicação, restaurantes que ficaram sem pedidos, vendas que não foram realizadas ou atendimento ao cliente que não funcionou (como se fosse novidade).

Pessoalmente, tirei conclusões positivas que penso aplicar a partir de hoje. Quem quis conversar comigo porque precisava ou era importante, levantou o telefone e me ligou! É, meus amigos, os telefones ainda ligam. O resto das pessoas ficaram em silêncio, parece que assuntos que diaramente são importantes, hoje sem a facilidade das mensagens não eram tanto...

Analisem suas conversas nas redes sociais e similares, sejam objetivos, vejam quantas conversas são realmente interessantes... Deixe, eu faço por você, 10% valiam a pena o resto era "encher linguiça".

Perdemos tempo falando com pessoas que não são importantes, se fossem, salvo força maior, estaríamos perto deles.

Deixamos de conversar com nossos pais, namorados, filhos em troca de mostrar o que a gente comeu para pessoas que nem conhecemos.

Mudamos os planos continuamente porque é só mandar um áudio ou uma mensagem com alguma desculpa que ninguém acredita.

Vai soar nostálgico, antiquado, com cheiro de mofo até. Tenho saudades de quando a gente combinava um horário, e estava implícito que o marcado era sagrado, antigamente nosso gato não ficava tão doente, nosso carro não furava tantos pneus, nosso dentista não tinha tanto trabalho. Sabem por quê meus queridos leitores? Simples, tínhamos poucos amigos e conhecidos, mas eram importantes, nunca pensávamos em deixar uma pessoa no vácuo esperando em um banco na praça ou em um bar, não teria perdão.

Essa comunicação fútil fez da gente bonecos sem graça que precisam se considerar politicamente corretos ou não, super sociais e engajados para mostrar para essa plateia que não conhecem como somos "top".

Hoje serve de ato de contrição, a desconectar da conexão banal, da mensagem que que não diz nada, da fotografia com filtro irreal, do status que não me importa, das notificações que lembram que tem algo que devo comprar, do vídeo gravado 20 vezes para dar certo, da "live" que dá sono, da vídeo chamada que sempre recuso, dos seguidores que nunca vi, da vida virtual que nunca quis.